A ficção científica propõe tramas ambientadas em futuros conturbados. Os homens acabam vítimas de suas próprias máquinas, construídas para serem suas escravas, que desenvolvem inteligência própria e se rebelam contra seus criadores. No âmbito governamental, a paranoia de manter tudo sob controle faz com que todos os indivíduos sejam vigiados por um estado policial opressor.
O escritor estadunidense Philip K. Dick (1928 - 1982) possuía um imaginário idealizador nesse sentido. Em "Fluam, minhas lágrimas, disse o policial", Jason Taverner dorme como celebridade e acorda anônimo em um mundo onde identidade é tudo. Como consequência, vê-se caçado pelo implacável sistema vigente.
Alan Moore e David Llloyd idealizaram uma Inglaterra igualmente opressora em "V de Vingança". O misterioso mascarado tornou-se um símbolo de resistência, tanto que sua face risonha e impassível é utilizada em vários movimentos pertencentes à nossa realidade.
A ação exagerada da Polícia Militar contra os manifestantes desfavoráveis às tarifas de transporte público em São Paulo na semana passada mostra que vivemos em uma época parecida com a da ficção científica. Temos a falsa impressão de sermos livres para nos expressar como bem entendemos. Porém, as prisões, agressões e tiros efetuados pela Tropa de Choque paulistana provaram que somos cada vez mais vigiados.
Tudo indica que, num futuro próximo, seremos, tal como o Taverner de Dick, vítimas de nossos próprios vigilantes. Dormiremos em liberdade. Acordaremos sem identidade.
Ação e reação...
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