domingo, 29 de junho de 2014

Excessivo e barulhento, "O Lobo de Wall Street" é mais um belo trabalho da dupla Scorsese e Di Caprio

Demorou, mas finalmente cheguei ao filme O Lobo de Wall Street, dirigido por Martin Scorsese. E me arrependo por ter levado tanto tempo para vê-lo.

Muito já foi escrito a respeito, mas não custa nada lembrar. O filme é uma adaptação das memórias de Jordan Belfort, expostas nos livros O Lobo de Wall Street e A Caçada ao Lobo de Wall Street, nos quais ele relata as práticas corruptas que o levaram a ser detentor de uma gigantesca fortuna no fim dos anos 80, fato que lhe rendeu o apelido de Lobo. Logicamente que, ao subir na vida de maneira tão meteórica, Belfort chamou a atenção das autoridades, mais especificamente do FBI.


A tarefa de transformar essas quase mil páginas em roteiro de cinema foi dada a Terence Winter, criador da série Boardwalk Empire, da HBO. Ele e Scorsese já haviam sido parceiros no seriado e Winter fez, mais uma vez, um grande trabalho.

A atuação de Leonardo Di Caprio, que interpreta o milionário viciado em drogas e sexo, é monstruosa. O ator passeia na pele do Lobo e faz com que vislumbremos o que é ser um profissional completo, que pode estar em qualquer elenco. 

Falando em artista completo, Matthew McConaughey participa de pouco mais de dez minutos do filme, o que é uma pena, pois, mesmo em tempo tão curto, ele mostra o motivo pelo qual é um dos melhores atores da atualidade.

O blues, parte do gosto musical de Scorsese, dá o tom da trilha sonora, com nomes como Elmore James, Howlin' Wolf, John Lee Hooker e Bo Didley. O som empolgante das canções e o ritmo frenético no qual o filme é narrado faz com que não sintamos suas quase três horas de duração. 

Além do humor ácido e do absurdo que envolvem as cenas, pode-se notar a crítica a um sistema financeiro inescrupuloso. Di Caprio/Belfort cheira quilos de cocaína, bebe litros de uísque, joga dinheiro ao vento e transa com prostitutas de luxo com a voracidade que só o capitalismo selvagem pode instigar, enquanto pessoas comuns dependem do transporte público na volta para casa depois de um exaustivo dia de trabalho.

Excessivo e barulhento, O Lobo de Wall Street é mais um belo trabalho da dupla Scorsese e Di Caprio. Que venham outros.