quarta-feira, 16 de julho de 2014

O fim e o triste recomeço

E acabou. 

A tão esperada Copa das Copas chegou ao fim com a seleção mais merecedora do título como campeã. A Alemanha veio com jogadores completos que podem exercer várias funções dentro das quatro linhas e levou a taça pra casa. 

 
Assim como as gerações anteriores à minha falam com entusiasmo da seleção comandada por Sócrates, Cerezo, Falcão e Zico em 1982, sentirei-me igualmente grato em descrever a equipe de Lahm, Schweinsteiger, Kroos e Müller para quem não os viu em campo. 

Foi a prova de que trabalhar com seriedade, paciência, dedicação e humildade é o caminho para o sucesso. Sigo os campeonatos europeus apenas superficialmente, mas, a partir do próximo semestre, farei de tudo para acompanhar a liga alemã, o melhor futebol do mundo.

Os jogos, no geral, foram muito bons. Seleções consideradas "menores", como Chile, Colômbia, Costa Rica e Argélia protagonizaram grandes duelos e provaram que o futebol está mais globalizado do que nunca.

Daqui do meu quarto, vendo tudo pela televisão, parece-me que as coisas correram nos conformes, contrariando todas as expectativas. Embora vários estádios fiquem, a partir de agora, às moscas, foi legal vê-los lotados. Os gramados eram verdadeiros tapetes. As spidercams deram show. Nem parecia ser no Brasil.

A população brasileira fez muito bem seu papel de anfitriã, tornando possível um evento que prometia ser caótico. Como disse Antonio Prata, o povo brasileiro é muito melhor que sua seleção, um time de estrelas mimadas e pessimamente comandado por cartolagem e comissão técnica que superam todos os níveis da burrice. 

Felipão e Parreira conseguiram ofuscar os próprios títulos mundiais que conquistaram. Suas demissões foram necessárias, mas não suficientes. A CBF corre sério risco de ficar de fora da Copa de 2018. Os visitantes foram embora. Hoje recomeçam o Campeonato Brasileiro e suas quartas-feiras de jogos fracos e horários que atendem à televisão, fazendo idiotas como eu, doentes por futebol e cientes de seu fanatismo, irem pra cama tarde da noite.

Mal posso esperar.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

O fim da presepada

Passadas algumas horas, muito já foi escrito sobre o massacre imposto pela Alemanha sobre a seleção da CBF. Particularmente, como brasileiro, fiquei muito contente com o resultado. Não poderia ter sido melhor. Uma verdadeira aula de futebol. Vibrei a cada gol como se fosse marcado pelo São Paulo Futebol Clube. Toni Kroos, Thomas Müller, Philipp Lahm e companhia apresentaram um espetáculo memorável, do qual me lembrarei pelo resto da vida.

 
Durante essa Copa, o único time pelo qual nunca cogitei torcer foi o comandado pelo ultrapassado e prepotente Luiz Felipe Scolari, técnico chucro e sem classe que, acompanhado do igualmente patético Carlos Alberto Parreira, não aceita críticas ao seu trabalho. E não fui o único. Vi crescer nas timelines e blogs o montante de torcedores que não se simpatizavam com o selecionado brasileiro. 

Muitos criticam e questionam essa atitude. A grande parte deles são torcedores de ocasião, patriotas com suas camisas da Nike de trezentos reais que cantam a irritante música do "muito orgulho e muito amor". Já estava na hora dessa presepada acabar.

"Mas você é brasileiro, tem que torcer pelo Brasil!". Eu torço pelo Brasil. Quero que a educação e a saúde pública melhorem. Orgulho-me de ter nascido no mesmo país de escritores como João Guimarães Rosa, Rubem Fonseca e Carlos Drummond de Andrade.

Mas jamais torcerei para Neymar, um jogador movido pelo marketing, com seu rosto estampado em todo e qualquer canto, que num jogo de extrema importância se preocupa em mostrar a cueca com a estampa de seu patrocinador, que faz de sua fratura na coluna uma oportunidade de se expor ainda mais na mídia, que finge choro ao cantar o hino de seu país. 

Não serei a favor de David Luiz e sua maldita cara de mal, jogador desconhecido por grande parte dos torcedores sazonais. Sua cabeleira pode dar ibope, mas não ganha jogo, meu amigo.

Não torcerei para um time arrogante que confia apenas no peso histórico de sua camisa, achando que por conta dessa suposta mítica pode ganhar qualquer jogo. Um bando cujo capitão, Thiago Silva, não tem o mínimo controle emocional nem perfil para ocupar essa função.

Uma seleção gerida por cartolas corruptos que só agem de acordo com seus interesses, montando calendários absurdos para atender a mídia televisiva. Espero que José Maria Marin esteja queimando no inferno que previu caso perdesse essa Copa de gastos exorbitantes e estádios que ficarão às moscas após seu término.

A seleção alemã mostrou como vencer com classe. Mesmo ganhando com placar elástico, em nenhum momento fizeram firulas individuais para humilhar seu adversário. Jogaram de maneira correta, trocando passes sempre em direção ao gol. Se fosse o contrário, certamente Neymarketing e sua trupe tentariam ridicularizar seus adversários com canetas e lençóis desnecessários.

Provou-se que o "jeitinho brasileiro" está mais do que ultrapassado. Espero que essa derrota mais do que justa sirva para que se reflita a respeito da bagunça na qual nosso futebol está metido. Talvez seja o caminho para que um dia eu volte a ter motivos para torcer pela camisa da CBF.