Já li vários textos de
muitos e talentosos cronistas nos quais eles dissertavam sobre as dificuldades
de sua função. Escrever sob encomenda, cumprir prazos, correr contra o tempo.
Assim como um quadro que é idealizado aos poucos pelo pintor ou um poema que é
trabalhado pelo poeta, acredito que, não somente a crônica, mas qualquer texto,
seja ele literário ou não, deva ser feito com paciência, esculpido com
vagar, com atenção aos detalhes, tal fosse uma xilogravura.
No momento, encontro-me em
uma estranha preguiça criativa. Lembro-me de, no início desse ano, prometer a
mim mesmo a meta produtiva de duzentos e cinqüenta textos. O problema é que
essas coisas não podem ser medidas pela quantidade. Escrever só por fazê-lo
fará desse amador ofício um ato monótono e desprovido de emoção. Para isso, já
basta minha rotina no trabalho. Então, por eu ter me imposto essa missão, estou
um tanto quanto impaciente com essa falta de produtividade, mesmo sabendo de
tudo que descrevi acima sobre a proporção inversa entre qualidade artística e
alta cadência produtiva.
Tenho tentado escrever
resenhas, mesmo quando não tenho inspiração para realizá-las. Até a leitura tem
sido algo improdutivo. Temo haver alguma engrenagem que necessite de manutenção
ou troca em meu abalado sistema. A mente se perde no espaço, volta, vai-se de
novo, as páginas não fluem. Excetuando-se as notícias de jornal, narrativas indiferentes
e corriqueiras essas, romances, contos e até as histórias em quadrinhos estão
encontrando um estranho e impenetrável bloqueio. As palavras também andam me escapando,
não somente pela falta de inspiração, mas sim por conta de erros imperdoáveis
mesmo para um medíocre aluno de Letras, que tem confundido palavras,
distorcendo tudo, passando situações constrangedoras. Uma lástima.
No dicionário Aurélio,
o termo “fase” possui várias definições, aplicando-se uma a esse caso: “época
ou período com características definidas”. Espero que esse momento constituído
de hiato produtivo seja breve e que eu volte a escrever de maneira fluente e
prazerosa, como falso, chinfrim e canastrão jornalista que sou, caso contrário,
o dono desse blog emitirá uma carta de demissão por justa causa ao seu único e
fiel empregado.