Myilena Queiroz publicou em seu blog, o Astronauta, um interessante artigo intitulado "Em defesa dos contos populares". Nele, ela discorre sobre esse gênero narrativo predominantemente oral que sofre inúmeras modificações até virar literatura. Tais mudanças são efetuadas pelos diferentes imaginários emissores dessas histórias baseadas em lendas e mitos.
Coincidentemente, Neil Gaiman, escritor consagrado pela série em quadrinhos Sandman, acaba de lançar o romance O oceano no fim do caminho. Gaiman é conhecido por transformar personagens clássicos em "celebridades", dando-lhes complexidade e importância, como ocorreu com As Três Bruxas, inspiradas nas Fúrias, trio de deusas da mitologia grega (foto).
João Guimarães Rosa escreveu muitas de suas histórias influenciado pelas crendices do grande sertão. Moacyr Scliar fez de figuras mitológicas, como centauros e esfinges, protagonistas e coadjuvantes marcantes. Homero é, até hoje, um mistério, já que não se sabe quem foi o homem (ou mulher?) que narrou Odisseia e Ilíada.
Os "causos" passados de boca em boca e geração para geração são a base do gênero narrativo. Um romance ou conto literário deve possuir as mesmas qualidades das histórias contadas ao redor de uma fogueira, em noites frias, sob céu estrelado. Os interlocutores viajavam na voz daquele que narra, embarcando na fantasia e criando seus próprios Ulisses. Com esses heróis enraizados na memória, tratavam de divulgá-los, eternizando assim suas aventuras.
Gaiman, Rosa e Scliar exerceram e exercem o papel de imortalizadores de mitos, pois deram ao imaginário popular a elegante roupagem de suas narrativas. Se não são novos Homeros, serão lembrados como fabulosos propagadores de lendas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário