quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Templo do saber

Hoje, durante meu horário de almoço, iniciou-se uma discussão a respeito de religião. Como é de praxe, não me intrometi, pois acho que esse lance de crer em alguma coisa é muito mais do que subjetivo, é íntimo. Uma pessoa ir lá e dizer pra outra que ela está errada em seguir determinada doutrina é a mesma coisa que invadir o banheiro de alguém, quando este está fazendo suas necessidades fisiológicas naquele momento.

Mas me peguei a pensar com relação aos lugares que essas pessoas religiosas frequentam, conhecidos como igrejas ou templos. Algumas delas acham que, por serem frequentadoras assíduas desse locais, estão sob uma suposta proteção divina que as dá respaldo para falarem e fazerem o que quiserem. Tenho exemplos como esse no meu trabalho, em que vejo diariamente alguns sujeitos expondo pensamentos duvidosos para quem acredita em algo e se diz seguidor dos ensinamentos divinos. Até em minha própria família, que é extremamente católica, vejo algumas situações que me causam leve irritação. Não classificarei tais indivíduos, mas sempre quando voltam de uma celebração, nunca ouvi ninguém comentar a respeito do que o sacerdote disse sobre as leituras bíblicas daquele dia, ou até mesmo debateram sobre o que foi dito pelo orador cristão, com diferentes pontos de vista e etc. Relatam apenas coisas triviais, como o decote de certa dondoca, a leitura ruim feita pela dona Maria, o padre que demorou exageradamente para encerrar o evento.

Eu também já fui católico praticante. Ia religiosamente à igreja, participava de grupos, enfim, fazia tudo o que achava que seria bom para a minha formação religiosa. Hoje, já não vou há muito tempo a esses lugares. O que mudou não foi minha crença, mas sim o olhar sobre a maioria das pessoas que vão a essas "casas sagradas". Nas empresas em que trabalhei e onde trabalho atualmente, as pessoas mais desleais foram sempre as que diziam participar de alguma reunião religiosa no mínimo uma vez por semana. Sempre quando alguém desconhecido diz "fui à missa ontem", "prego a palavra tal culto" ou coisas do tipo, preconceituosamente meu pé desloca-se para trás.

Hoje em dia, o local que mais aprecio e que apresenta conteúdos enriquecedores é a sala de aula. E tomei a literatura como religião. A faculdade é um antro sem doutrinas religiosas específicas, onde, por meio dos movimentos e períodos literários variados, podemos exercer discussões sem nenhum tipo de barreira espiritual. Através de escritores como João Guimarães Rosa, que nos mostra através de suas belas narrativas o lado religioso de pessoas simples, e José Saramago, que com a visão de um clássico ateu comunista, critica com refinada ironia as perversidades históricas exercidas pela igreja católica, podemos ter uma ampla visão sobre o assunto, e, se quisermos, escolher uma dourina a seguir.

Pelo sim ou pelo não, as salas de aula ainda são os verdadeiros templos sagrados da sabedoria.

5 comentários:

  1. Muito booooom seu post! Super concordo contigo. As pessoas que mais aprontam com os outros são exatamente as religiosas e são também as mais difíceis de lidar.

    Já conheço ateus tão tranquilos. E esses sim me parecem ter méritos, porque fazem o certo porque sentem isso no íntimo, não por temer a Deus.

    Tudo que você colocou eu seu post já tinha observado e comentado com meus amigos. Bom ver que mais gente pensa como eu!

    Beijocas

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  2. também fujo de discussão sobre religião, e não freqüento templos e igrejas pelo simples fato de serem locais criados pelo homem, e q com as regras e proibições acabam criando escravos de coisas q eu não acredito.

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  3. http://grandeonda.blogspot.com...tenho fé em Deus, mas não acredito em tudo que tá na bíblia como verdadeiro, já que é escrita por seres humanos, por isso manipulada. Muita coisa ali é história criada por pessoas imaginativas.....Você citou mais abaixo Raymond Chandler, cujos livros adoro. Pena que pouca gente o conhece. Odisséia, de Homero, por acaso tou terminando de ler, já pensando em relê-lo.

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  4. Oii, é a segunda vez que visito seu blog e gostei muito de seus posts! Parabéns, continue no ritmo! :D

    Parabéns ao seu post. Concordo com tudo o que você disse. A minha mãe é evangélica assídua e me obriga a ir à igreja rs A cada vez que vou, concordo menos com o ponto-de-vista deles. Penso que o tempo que estou ali, poderia estar lendo um livro, ou fazendo outra coisa para ampliar meu conhecimento, mas não. Estou ali, parado e sendo obrigado a ouvir uma concepção totalmente errada do que é Deus. Deus vai muito além do que as religiões estabelecem. Outra coisa que me deixa revoltado é que a maioria de crimes e atrocidades foram e ainda são cometidas em nome de Deus. É uma lástimas estarmos em 2011 e ainda termos MILHÕES de pessoas querendo retroceder ao passado hostil da Idade Média.

    Quanto a ir em um templo ou igreja, acho um tanto desnecessário. Além de pessoas que só oram/rezam ajoelhadas ou em posições desconfortáveis, como se a posição FÍSICA interifirisse na concentração ou no "poder"/"eficácia" da reza ou oração.

    Por isso que digo que meu vício são os livros e minha religião é a música *-* rs

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  5. ter a literatura como religião me parece algo maravilhoso.

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