Acabo de terminar a leitura da clássica tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles. Muitos de nós fugimos desse tipo de texto, por não o achar tão atraente em meio a tantas sequências de best-sellers. Mas as lições que essa história nos trás são perpétuas. A trama é do conhecimento da maioria dos leitores de longa data. Édipo é vítima de uma profecia da qual não pode escapar. Matar o seu pai e desposar sua própria mãe, num relacionamento que geraria frutos incestuosos, é a sua maldição. Mas quero apontar para a sabedoria de uma personagem que exerce coadjuvante papel nesse imbróglio. Trata-se de Creonte, ao mesmo tempo cunhado e tio da maior vítima de seu destino. Mesmo sendo acusado de ser o responsável pelo assassínio de Laio (pai de Édipo), ele mantém sua calma de homem sábio e espera pelo desfecho que lhe é favorável. Há um contraste entre o afoito e inexperiente rei e o vivido e tranquilo servidor, que mais tarde se tornaria o rei de Tebas. São as características que nossos afoitos e sedentos (por dinheiro) governantes deveriam possuir. São as características que nós, eleitores responsáveis por sua eleição, deveríamos possuir por excelência. Espero que futuramente voltemos a ler mais clássicos, perpétuos por natureza, do que best-sellers, alienadores por obrigação.
"Não nasci com o desejo de ser rei, mas sim de viver como um rei. É assim todo aquele dotado de razão."
(Creonte, por Sófocles, em Édipo Rei)
Murilo...
ResponderExcluirAcho incrível como as mais antigas obras são sempre as mais atuais. E como as pessoas não têm consciência disto, achando que são super modernas com seus hábitos arcaicos...
A própria palavra moderna é tão arcaica, até o contemporâneo já é démodé...
Precisamos nos reinventar...
Eu não sou muito de ler bestsellers, mas também nunca li Édipo Rei, mas sempre fui tentada a fazê-lo. É tanta coisa pra ler, que fica difícil né?
Estou em vias de começar O Retrato de Dorian Gray, do Wilde...
Aos poucos eu chego lá...
rs
Parabéns pelo espaço!
E o pior, Macabéa, é que os clássicos são curtos e contundentes. Pra essas férias, já fiz uma lista que varia do clássico à ficção policial. Uma vez ouvi dizer que os autores de roman noir são os continuadores da tragédia grega...
ResponderExcluirAbraço e obrigado pela visita.
Tem como compartilhar a lista? adoro sugestão de livro.
ResponderExcluirClaro. Adquiri recentemente uma nova tradução de Odisseia, feita pelo helenista português Frederico Lourenço. Como já li Édipo Rei, pretendo ler sua continuação, intitulada Antígona (Sófocles realmente faz a minha cabeça). Dos policiais a lista é grande. Sou grande admirador de Rubem Fonseca. Já tenho em mão O caso Morel, que lerei em breve. No momento, estou lendo "Adeus, minha adorada", de Raymond Chandler. Ainda tenho "Vício inerente", de Thomas Pynchon, e "Morte no seminário", de P. D. James. Enfim, muita coisa para ler e pouco tempo. Avida é muito curta para se selecionar o que é realmente bom, não é?
ResponderExcluirAbraço e obrigado pelos comentários.
vou procurar esses livros, mas quero sua opinião sobre os lidos depois.
ResponderExcluirCom certeza elas serão expostas.
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