quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As lições perpétuas da tragédia

Acabo de terminar a leitura da clássica tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles. Muitos de nós fugimos desse tipo de texto, por não o achar tão atraente em meio a tantas sequências de best-sellers. Mas as lições que essa história nos trás são perpétuas. A trama é do conhecimento da maioria dos leitores de longa data. Édipo é vítima de uma profecia da qual não pode escapar. Matar o seu pai e desposar sua própria mãe, num relacionamento que geraria frutos incestuosos, é a sua maldição. Mas quero apontar para a sabedoria de uma personagem que exerce coadjuvante papel nesse imbróglio. Trata-se de Creonte, ao mesmo tempo cunhado e tio da maior vítima de seu destino. Mesmo sendo acusado de ser o responsável pelo assassínio de Laio (pai de Édipo), ele mantém sua calma de homem sábio e espera pelo desfecho que lhe é favorável. Há um contraste entre o afoito e inexperiente rei e o vivido e tranquilo servidor, que mais tarde se tornaria o rei de Tebas. São as características que nossos afoitos e sedentos (por dinheiro) governantes deveriam possuir. São as características que nós, eleitores responsáveis por  sua eleição, deveríamos possuir por excelência. Espero que futuramente voltemos a ler mais clássicos, perpétuos por natureza, do que best-sellers, alienadores por obrigação.

"Não nasci com o desejo de ser rei, mas sim de viver como um rei. É assim todo aquele dotado de razão."
(Creonte, por Sófocles, em Édipo Rei)

6 comentários:

  1. Murilo...
    Acho incrível como as mais antigas obras são sempre as mais atuais. E como as pessoas não têm consciência disto, achando que são super modernas com seus hábitos arcaicos...
    A própria palavra moderna é tão arcaica, até o contemporâneo já é démodé...
    Precisamos nos reinventar...
    Eu não sou muito de ler bestsellers, mas também nunca li Édipo Rei, mas sempre fui tentada a fazê-lo. É tanta coisa pra ler, que fica difícil né?
    Estou em vias de começar O Retrato de Dorian Gray, do Wilde...
    Aos poucos eu chego lá...
    rs
    Parabéns pelo espaço!

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  2. E o pior, Macabéa, é que os clássicos são curtos e contundentes. Pra essas férias, já fiz uma lista que varia do clássico à ficção policial. Uma vez ouvi dizer que os autores de roman noir são os continuadores da tragédia grega...

    Abraço e obrigado pela visita.

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  3. Tem como compartilhar a lista? adoro sugestão de livro.

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  4. Claro. Adquiri recentemente uma nova tradução de Odisseia, feita pelo helenista português Frederico Lourenço. Como já li Édipo Rei, pretendo ler sua continuação, intitulada Antígona (Sófocles realmente faz a minha cabeça). Dos policiais a lista é grande. Sou grande admirador de Rubem Fonseca. Já tenho em mão O caso Morel, que lerei em breve. No momento, estou lendo "Adeus, minha adorada", de Raymond Chandler. Ainda tenho "Vício inerente", de Thomas Pynchon, e "Morte no seminário", de P. D. James. Enfim, muita coisa para ler e pouco tempo. Avida é muito curta para se selecionar o que é realmente bom, não é?

    Abraço e obrigado pelos comentários.

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  5. vou procurar esses livros, mas quero sua opinião sobre os lidos depois.

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