Texto publicado no site Contraversão, em 06/02/2013.
Linhas temporais alternativas, seres estranhos, conspirações, segredos, traições. Esse é o cenário montado por Matt Fraction e Gabriel Bá em Casanova: Luxuria,
história em quadrinhos protagonizada por um indivíduo fadado a ser o
gêmeo ruim, a ovelha negra, a mosca na sopa de sua família.
Casanova Quinn é o filho de Cornelius, comandante da I.M.P.E.R.I.O.,
uma organização que tenta manter a todo e qualquer custo a ordem no
planeta Terra. A relação entre pai e filho é totalmente conturbada, mas
um único ponto os faz chegar à opiniões comuns: Zephyr, a irmã gêmea de Casanova e a principal agente da I.M.P.E.R.I.O.. Durante uma missão que tinha como mote investigar irregularidades no tecido do continuum do espaço tempo, Zephyr acaba morta.
Era a gota d’água que faltava para transbordar um copo cheio. Pai e filho agora tornam-se oficialmente inimigos declarados e Casanova Quinn tem sua cabeça colocada a prêmio pela agência de seu pai. Ele não tem outra alternativa se não juntar-se à M.O.I.T.A., organização criminosa tida como principal inimiga da I.M.P.E.R.I.O.. Com acesso às duas corporações, Casanova
promete fazer chover no piquenique de todos e botar fogo no mundo para
salvar sua pele, já que, como ele próprio se define, é um “profissional
liberal” que não recebe ordens de ninguém.
Munido de um estranho aparelho semelhante a um isqueiro, que com um clic o faz viajar por diferentes linhas temporais, Casanova passeia entre passado e futuro, tendo deja-vu‘s
e moldando a realidade conforme sua conveniência. Nessas viagens, ele
trava batalhas psicodélicas de força e resistência mental e vaga por
mundos dominados pela luxúria, onde robôs são fabricados para exercerem a
função de incansáveis prostitutas, constituindo cenários sci-fi em que a relação entre homem e máquina atingiu patamares inimagináveis.
Esse enredo, roteirizado de maneira complexa por Fraction, é traduzido pelo belo e forte traço de Gabriel Bá,
que contribui para a sensualidade presente nesse arco dedicado ao
pecado capital que se refere aos prazeres carnais. A coloração dada pela
brasileira Cris Peter é algo de realmente se admirar.
Com apenas quarenta e cinco cores escolhidas a dedo pelo desenhista,
Peter fez uma bela “fotografia”, com uma coloração predominatemente
verde, que contribui para o tom sombrio e lisérgico da trama. Quem gosta
de cinema certamente apreciará. As imagens muitas vezes lembram a
espetacular fotografia do recém-lançado longa “O Mestre”, de Paul Thomas Anderson, que, assim como a referida H.Q., trata de tempos e vidas paralelas.
A
luxúria sideral e psicodélica das alternativas linhas temporais desse
arco, faz com que aguardemos ansiosamente pela chegada do próximo pecado
capital às prateleiras.
fiquei interessada...
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