Texto publicado no site Contraversão, em 04/02/2013.
Desde que fui iniciado nos quadrinhos de super-heróis há mais ou menos vinte anos, tenho como personagem preferido o Batman. Não só pela personagem em si, mas também por todo o universo que o cerca, bem como os outros vigilantes que habitam Gotham City.
Um desses vigilantes, de maneira particular, nunca despertou minha
simpatia. Não pelo seu papel secundário, mas sim por parecer um
indivíduo que apresenta uma eterna fragilidade. Porém, recentemente, nos
arcos que envolvem o reboot realizado pela DC Comics
em todo o seu universo, tive a grata surpresa de encontrar uma
personagem infinitamente mais complexa e interessante, que toca em
temas que sempre afligiram o código de conduta do Homem-Morcego.
Uma personagem que me faz esperar ansiosamente pela chegada de uma nova
edição, no mês seguinte, curioso pelo que pode ocorrer nas próximas
páginas. Essa personagem já teve várias identidades secretas, mas
nenhuma foi tão fria, brutal e sombria quanto à de Damian Wayne, o atual Robin.
Dick Grayson, o primeiro a vestir o uniforme do Menino-Prodígio,
ficou sob a tutela de Bruce Wayne após seus pais, os acrobatas
circenses denominados “Os Graysons Voadores”, serem assassinados por um
gangster que extorquia dinheiro do circo em que trabalhavam. Batman ensinou técnicas detetivescas e de artes-marciais ao seu pupilo, que se tornou seu parceiro no combate ao crime. Grayson assumiu um ar mais maduro e independente quando se tornou o vigilante denominado Asa Noturna. Jason Todd, seu sucessor, foi um marginal recrutado pelo Batman ao ser flagrado em uma tentativa de roubar as rodas do Batmóvel. Foi assassinado de maneira brutal pelo Coringa em uma emboscada.
Quando comecei a acompanhar mais assiduamente as revistas do Morcego, há mais ou menos 14 anos, o Robin era representado pelo adolescente expert em informática Tim Drake.
Apesar de suas habilidades detetivescas, Drake sempre cumpriu seu papel
de acordo com as ordens de seu mentor, parecendo uma criatura frágil e
sem personalidade. O Cavaleiro das Trevas ainda parecia atormentado pela
tragédia envolvendo Jason, por isso protegia excessivamente Drake. Além dos Robins acima citados, duas garotas já assumiram a identidade. O exemplo mais clássico se encontra na obra-prima de Frank Miller, O Cavaleiro das Trevas, em que a garota de apenas treze anos Carrie Kelley auxilia o já envelhecido Bruce Wayne. Stephanie Brown, a vigilante adolescente conhecida como Salteadora, namorada de Tim Drake, chegou a ocupar o cargo por um breve momento, sendo destituída ao desobedecer a uma ordem de Batman.
Damian Wayne representa algo nunca visto no que diz respeito às atitudes de seus antecessores. Filho de Bruce Wayne com Talia Al Ghul (filha do eterno vilão Ra’s Al Ghul),
o menino foi severamente treinado pela brutal Liga das Sombras,
tornando-se um exímio praticante de artes-marciais variadas e uma
verdadeira máquina de matar. Ao instituí-lo como Robin, o Cavaleiro das Trevas descobre que é impossível controlá-lo. Damian não entende o motivo pelo qual seu pai não mata os assassinos, estupradores e vigaristas que habitam Gotham City. Todo infrator que atravessa o caminho desse novo Robin sofre com uma violenta chuva de golpes que são capazes de estilhaçar qualquer estrutura óssea. Cada edição da revista Batman e Robin (publicada pela Panini Comics no título A Sombra do Batman) mostra uma série de conflitos entre pai e filho. Mesmo possuindo um estreito laço sanguíneo, Damian e Bruce
são completamente distintos ideologicamente. O menino de somente dez
anos mostra uma inteligência fora do normal e não aceita as imposições
do pai, que, assim como fazia com os Robins anteriores, frequentemente o
deixa de fora de perigosas rotas noturnas. O problema é que esse Menino-Prodígio
é um touro indomável sedento por sangue, que não aceita ser
repreendido. Até mesmo o uniforme utilizado por ele simboliza algo
diferente de tudo o que já foi visto a respeito de Boy Wonder: uma blusa com capuz e calçados com certo estilo punk que aumentam o ar rebelde dessa arma letal.
A revista Batman e Robin é um dos títulos
mais elogiados pela crítica nesse atual e conturbado cenário da DC
Comics. O trabalho que vem sendo feito pela dupla Peter J. Tomasi e Patrick Gleason
é algo realmente notável. Roteiro e narrativa gráfica se entrelaçam de
maneira empolgante em histórias que envolvem mistério, traição e
vingança. Tomasi e Gleason estão manejando de maneira muito inteligente
as violentas e sombrias aventuras dessa clássica dupla dos quadrinhos,
principalmente pelo enfoque dado no primogênito de Bruce. Como havia dito no início do texto, Robin
sempre esteve longe de despertar meu interesse. Atualmente, é uma das
minhas personagens favoritas. Vale muito a pena dar uma conferida.
Damian Wayne é um chute na cara (inclusive na minha) daqueles que sempre menosprezaram o vigilante mirim de Gotham City. Mais do que isso: ele representa a evolução do Menino-Prodígio.
Ola, sou nova no blog, e gostaria que você desse uma olhada, e se gostar seguir.. bjs brigada
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