Texto publicado no site Contraversão, em 10/12/2012.
Em “Cabeça a prêmio”, Marçal Aquino introduz seu leitor em uma trama que surpreende por sua complexidade e inteligência. Um jogo de emboscadas é travado entre indivíduos que, sendo matadores de aluguel ou não, fazem de tudo para alcançar seus objetivos. Em cenários onde não há nenhum tipo de lei ou moral, Marçal coloca em prática sua já conhecida habilidade de roteirista (exposta recentemente, ao lado de Fernando Bonassi, nas três temporadas da série “Força Tarefa”, exibida pela Rede Globo) para expor um Brasil ficcional que choca por seu realismo. Este livro teve sua trama adaptada para o cinema em 2009, pelas mãos do diretor Marco Ricca.
Em “Cabeça a prêmio”, Marçal Aquino introduz seu leitor em uma trama que surpreende por sua complexidade e inteligência. Um jogo de emboscadas é travado entre indivíduos que, sendo matadores de aluguel ou não, fazem de tudo para alcançar seus objetivos. Em cenários onde não há nenhum tipo de lei ou moral, Marçal coloca em prática sua já conhecida habilidade de roteirista (exposta recentemente, ao lado de Fernando Bonassi, nas três temporadas da série “Força Tarefa”, exibida pela Rede Globo) para expor um Brasil ficcional que choca por seu realismo. Este livro teve sua trama adaptada para o cinema em 2009, pelas mãos do diretor Marco Ricca.
Brito e Albano são dois matadores de aluguel posicionados em uma
pequena cidade interiorana a mando de seus patrões, Mirão e Abílio
(poderosos irmãos traficantes), com o intuito de dar cabo de um sujeito
sobre o qual nada sabem. A partir daí, enquanto vigiam e esperam pelo
momento certo de atacar sua vítima (escoltada pelo serviço de proteção a
testemunhas), suas histórias de vida são recontadas em flashbacks que
explicam algumas de suas condutas. Brito, mais contido e introspectivo
que Albano, tem sua história recapitulada, desde o primeiro crime
abonado até seu relacionamento com a cafetina e prostituta Marlene.
Dênis, piloto de extrema confiança do impiedoso Mirão, teme e
respeita a mão de ferro que o alimenta. Porém, a beleza irresistível de
Elaine, a sedutora filha de Mirão, acabam por cegá-lo. Um romance
proibido, que por si só já traria graves consequências. Consequências
essas que são pioradas pelas investidas chantegistas do homossexual
Abílio contra Dênis e mediante a atitude de Elaine de voltar-se contra
seu pai e tramar um golpe financeiro seguido de fuga. Contra todas a
probabilidades de que isso fosse dar certo, eles colocam seu plano em
prática, com a consciência de que o resto de seus dias permanecerão
incertos quanto à possibilidade de terminá-los vivos.
Essas histórias paralelas são habilmente manejadas pelo narrador de Marçal Aquino,
até o ponto em que suas linhas se chocam por possuírem Mirão como seu
centro particular. Emboscadas misteriosas são narradas sem que o leitor
saiba quem é a vítima ou se quem sobreviverá é a caça, alerta e
acossada, ou o caçador, frio e calculista. Não há o bem ou o mal, o
mocinho ou o bandido. Todos os envolvidos na trama trazem sangue em suas
mãos e seguirão a lei da sobrevivência. Trapacearão, pois não há jogo
limpo. Matarão para não morrerem.
Os cenários são cercados por plantações pertencentes a poderosos
fazendeiros. O vento é poeirento e traz o cheiro de suor dos simples e
ignorantes habitantes interioranos. Os minúsculos quartos de hotel
cheiram a suor, sexo barato e mofo. É um Brasil de clima seco, onde não
há polícia, justiça ou compaixão. Assim como em “Os Infratores” (2012),
filme que retrata a impiedosidade dos mafiosos durante a Lei Seca
imposta aos estadunidenses, nas décadas de 20 e 30, Mirão,
Abílio, Brito e Albano compõem uma hierarquia de foras-da-lei que
compram e fazem suas próprias regras. São os infratores, os irmão
Bondurant do velho e impiedoso oeste brasileiro.
“Cabeça a prêmio“
é o recorte seco e preciso de um cenário sangrento e brutal,
territorialmente próximo a todos nós, brasileiros. Marçal Aquino resumiu
hábil e sucintamente sua obra em uma dedicatória autografada, na
primeira página do volume que possuo: “um retrato 3×4 do Brasil calibre 45.”
Não conheço nada ainda de Marçal Aquino, ainda, mas ultimamente ando meio averso à violência. Grande Sertão Veredas tentei ler um dia, desisti no começo. Mas como o livro Guerra e Paz, resolvi encarar, e tenho um exemplar na estante me aguardando. Bom domingo.....http://grandeonda.blogspot.com
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluire agora, livro ou filme?
ResponderExcluirambos parecem interessantes.