É mais do mesmo afirmar isso, mas ainda me impressiono com a descartabilidade e pouca vida útil com que as coisas são feitas nos dias de hoje. Televisores, computadores, smartphones. Tudo feito com plástico frágil, quebradiço, substituível.
No filme O Palhaço, dirigido e estrelado por Selton Mello, o protagonista da história sai em busca de seu sonho de consumo: um ventilador. Esse filme é pura nostalgia. A trilha sonora apresenta canções imortalizadas de Nelson Ned, Altemar Dutra e Lindomar Castilho.
Quando consegue adquirir seu tão sonhado ventilador, o palhaço Benjamin obtém um modelo idêntico ao que havia na casa dos meus pais quando eu era criança. Plástico resistente e grades de metal compunham sua estrutura. Botão regulador de potência. Hélice verde. Corpo em tom pastel desbotado. Esse eletrodoméstico só parou de funcionar porque acabou caindo no chão de uma altura relativamente grande. Era um item feito para durar, ao contrário dos concebidos pelas frenéticas e robóticas linhas de produção atuais.
Em meio a esse emaranhado de tecnologias fadadas à troca, encontrei na casa de um amigo, localizada na tecnológica cidade de São Carlos, uma sala que serve como refúgio a todas as coisas velozes e furiosamente passageiras.
No filme O Palhaço, dirigido e estrelado por Selton Mello, o protagonista da história sai em busca de seu sonho de consumo: um ventilador. Esse filme é pura nostalgia. A trilha sonora apresenta canções imortalizadas de Nelson Ned, Altemar Dutra e Lindomar Castilho.
Quando consegue adquirir seu tão sonhado ventilador, o palhaço Benjamin obtém um modelo idêntico ao que havia na casa dos meus pais quando eu era criança. Plástico resistente e grades de metal compunham sua estrutura. Botão regulador de potência. Hélice verde. Corpo em tom pastel desbotado. Esse eletrodoméstico só parou de funcionar porque acabou caindo no chão de uma altura relativamente grande. Era um item feito para durar, ao contrário dos concebidos pelas frenéticas e robóticas linhas de produção atuais.
Em meio a esse emaranhado de tecnologias fadadas à troca, encontrei na casa de um amigo, localizada na tecnológica cidade de São Carlos, uma sala que serve como refúgio a todas as coisas velozes e furiosamente passageiras.
Uma sala de música arejada, com cortinas reguladoras de penumbra, sofás confortáveis, tapete centralizadoramente macio, estante de madeira maciça sobre a qual estão acomodados um robusto televisor Panasonic, um aparelho de som Gradiente DS-40, livros antigos (como o Urupês pré-modernista de Monteiro Lobato, que antecede a todas as modernidades tecnológicas e literárias), manuais de redação, enciclopédias, CD's que vão do soul ao rock n' roll e, ao lado dessa rica prateleira, uma respeitável coleção de vinis.
Ao passar breves e saborosos dez minutos ali, sentado, com os pés descalços enfiados no tapete felpudo, no ensurdecedor silêncio de uma tarde dominical rompido apenas por uma fresca e sussurrante brisa, senti-me como um rebelde que insiste em não concordar com um mundo tão absurdo, no qual as pessoas imploram para serem vigiadas pelo viciante Big Brother travestido de redes sociais, indivíduos que querem a todo momento trocar seus celulares recém-adquiridos por outro mais moderno com funções futilmente novas. A ostentação mudou de posse. Não é mais financeira, com joias e imóveis, mas sim tecnológica.
Por um feliz e fugaz momento, cheguei a pensar que aquela corrente de ar refrescante estivesse sendo enviada pelo velho ventilador da minha infância.
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