Essa profissão meio amalucada de escritor realmente não é fácil. Além de muitos deles ganharem mal, tem essa coisa de criar uma história, com personagens humanamente complexos, cenários convincentes, contexto histórico. Há ainda as famosas crises de criatividade, na qual esse infeliz se depara com uma folha de papel em branco e não consegue preenche-la.
Digo isso porque coloquei na cabeça que quero escrever uma coletânea de contos. Sim, vergonhosamente venho aqui dizer essa barbaridade. Não que eu almeje o estrelato ou algo do tipo, nada disso. Nem porque dizem que temos de escrever um livro, plantar uma árvore e outras balelas. Apenas gostaria de ter essa experiência, criar um mundo fora deste mundo, mas que ainda assim fosse uma imitação desse universo que chamamos de verdadeiro.
Tudo isso começou por culpa do Marçal Aquino. Gosto da literatura do cara desde os tempos de Coleção Vaga-Lume. Daí que, por esses dias, acabei comprando o volume de contos Famílias Terrivelmente Felizes, editado pela Cosac Naify. Confesso que ainda não terminei de ler o livro. Mas nem precisa disso, porque o primeiro conto, intitulado "Impotências", é daquelas histórias que fazem o leitor ruminar aquilo por muito tempo.
O narrador fala de certo tio que não teve as oportunidades que outros indivíduos tiveram na vida, passando boa parte dela dentro de um hospício, definhando até a morte. Tudo é dito de maneira breve e simples, como se aquele que relata a trajetória de seu parente fosse um homem cansado, que encosta no balcão de um boteco, pede uma cachaça e começa a divagar sobre as dificuldades do cotidiano sem que ninguém, além do dono do bar, lhe dê atenção.
As frases do conto são precisas, contundentes, poéticas. Talvez seja esse o principal fator que tenha me motivado tentar lapidar algo difícil de se fazer, pedindo conselhos a amigos que ainda não são conhecidos pela mídia, mas que, para mim, são grandes escritores.
E é isso, por enquanto.
pra começar só falta o primeiro passo.
ResponderExcluir