quarta-feira, 3 de abril de 2013

Arquiteta engenhosa e traiçoeira

O sono bem dormido, aproveitado e profundo sempre foi algo pregado como essencial para a saúde da humanidade. Indiferente a explicações teóricas e freudianas, esse período de imersa e confortável penumbra torna-se, às vezes,  prazeroso ou agitado, conforme as situações que se passam em nossa cabeça, guiadas por algo perdido em nosso secreto subconsciente.

Como mostra o filme A Origem, dirigido por Christopher Nolan, o tempo cronológico dos sonhos é diferente do vivido aqui, no plano terreno, se é que posso assim me referir a essa linha temporal convencional. Uma década pode representar apenas dez horas de sono, cinco horas podem representar alguns minutos de um cochilo pós-almoço, até sermos acordados por um chute, algo como uma sensação de queda, o que faz total sentido, pois, afinal, quem nunca acordou a após ter a impressão de tropeçar e cair no vazio? E o que aconteceria caso nunca fôssemos acordados? Cairíamos em um inescapável limbo, enquanto nossos corpos e mentes definhariam feito vegetal.

Na clássica série de histórias em quadrinhos Sandman, Lorde Morpheus, o Senhor dos Sonhos, irmão caçula da Morte, vaga através dos sonhos de todos os que habitam sobre esse planeta. Ele não somente viaja por imaginações perturbadas por pesadelos como também visita os recantos mais sórdidos criados pela crença humana, como o Inferno, dirigido por Lúcifer. Para algumas pobres almas, sonhar é o ato que mais os aproxima de estarem vivos, de viverem num mundo melhor. Esse mundo fictício, criado por Neil Gaiman e representado pelo traço de diversos artistas, não se distancia muito do nosso.

Quem nunca se decepcionou ao acordar e se dar conta de que voltou a uma realidade perturbadora? Enfureceu-se, pois estava vivendo em mundo perfeito, onde todas as máscaras sociais e identidades secretas não mais seriam necessárias, pois tudo estava arrumado e arranjado para dar certo, sem dramas ou esforço, engrenagens bem encaixadas e sistema calibrado?

Culpa de nossa terrível e criativa mente, arquiteta engenhosa e traiçoeira. Deve-se ter cuidado com o que se deseja, pois ela é inventiva ao ponto de criar um universo enquanto dormimos, totalmente indefesos e desprovidos de controle sobre nossos atos. Aí, haja força de vontade para voltar a encarar esse mundo que, talvez, seja real.

Um comentário:

  1. um universo paralelo q as vezes mantemos só em pensamento, mesmo acordados, pra ver como seria se as coisas acontecessem do jeito q a gente gostaria q fossem.
    nesse meu universo eu sempre me dei bem. kkk
    até o dia em q eu cresci e parei de fantasiar algumas coisas e passei a viver de verdade.

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