domingo, 1 de julho de 2012

Vida longa ao pragmatismo

Neste domingo, o colunista Tostão, na Folha de S. Paulo, escreveu que "colunistas de outras áreas, filósofos e poetas deveriam falar mais de futebol". Nesse espaço, não há um assunto definido. Escrevo normalmente sobre literatura, cinema, histórias em quadrinhos, música e banalidades (essas, talvez com mais frequência). Mas sobre futebol, essa paixão doentia que possuo desde quando era muito pequeno, nunca dissertei. É o que farei hoje.

Muito se tem discutido sobre a atual forma de se jogar. A maioria dos cronistas são defensores do futebol-arte, esse, jogado pelo Barcelona e pela seleção da Espanha, de muito toque de bola, não tem essa de dar chutão, tudo tem que ser pensado, desde o beque-central que dá o primeiro toque, passando pelo meia-armador, até chegar ao centro-avante que coloca a bola para dentro do gol. A maioria dos outros clubes tenta imitá-lo. Recentemente, o que mais chegou perto desse estilo criado pelo grande treinador Pep Guardiola no time catalão, foi o Santos Futebol Clube de Neymar, Robinho, Ganso e cia. Hoje, mesmo tendo mantido a base desse time formado em 2010, já aspira certo pragmatismo.

Tudo bem, é um estilo de jogo bonito de se ver, toque pra lá, pra cá, drible, chapéu, tabela, calcanhar, letra, chaleira, golaço. Mas, que me perdoem os amantes e deuses do futebol, confesso que aprecio mais intensamente o futebol de resultado, feito por um time sólido defensivamente e fulminante no contra-ataque. Antes que atirem pedras ou me enforquem nos guindastes da morte iranianos, explico-me.

Gosto desse tipo de jogo porque é sempre como se fosse uma batalha entre Davi e Golias. Um gigante bombardeando uma defesa dura como uma rocha, que espera o momento certo para despachar uma bola para um volante ou meia criativo, que fazem ligação direta com um ponteiro rápido feito uma bala, que serve um atacante até então apagado no jogo, que define o vencedor objetivamente, derrubando o gigante favorito com uma única e certeira pedrada nos cornos. Tivemos inúmeros exemplos como esse na história esportiva recente. 

O invencível São Paulo de Muricy Ramalho, tri-campeão brasileiro (2006, 2007 e 2008); a Inter de Milão de José Mourinho e o Chelsea de Roberto Di Matteo, equipes campeãs da Champions League que derrubaram os então favoritos com suas defesas brilhantementes disciplinadas e ataques certeiros (2010 e 2012, respectivamente); a criticada seleção brasileira comandada por Dunga, que com seu futebol de resultado ganhou tudo o que disputou, menos a Copa do Mundo de 2010; ou esse valente, guerreiro e solidário Corinthians de Tite, que com uma defesa quase impenetrável chega como favorito à final de sua tão sonhada Libertadores; ou essa desacreditada seleção italiana, que aposta tudo no seu tanque goleador, o seu certeiro Balotelli.

Muitos com certeza discordarão, mas ainda prefiro ver meu time atuando burocraticamente, mas ganhando, do que jogando com um futebol vistoso, porém derrotado. Um drible desconcertante é bonito de se ver? É. Mas um desarme bem feito também possui a sua beleza.

Vida longa ao pragmatismo.

2 comentários:

  1. eu queria ter mais paixão pelo futebol... queria saber mais, além do nome do time e quantas vezes ele foi campeão. já passei vergonha qndo falaram nome de jogadores q eu nem fazia idéia de q eram do meu time.

    ResponderExcluir
  2. Não sei explicar, nem entendo, porque não consigo sentir nenhuma atração por futebol, a paixão do brasileiro. Simplesmente não me importo. O pior é que fico sem assunto quando alguém, principalmente estranho, quer conversar sobre futebol. Bom fim de semana. http://grandeonda.blogspot.com

    ResponderExcluir