domingo, 22 de abril de 2012

"I drive"

Uma das coisas que mais gosto ao assistir filmes é a possibilidade de poder fazer ligações com outros mais clássicos. Não que o longa recentemente assistido tenha obrigatoriamente uma intrínseca relação com os outros. Essas pontes, na realidade, sou eu, mero e amador espectador, que me atrevo a fazer com filmes dos quais gosto muito e assisto infinitas e repetidas vezes.

Inspirado pela resenha intitulada "O cowboy americano dos anos 80 ressurge nas ruas de Los Angeles", escrita pela blogueira Patrícia Ströher, fiquei semanas a esperar ansiosamente pela chegada de Drive, dirigido pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn, ao cinema de minha cidade. E, de fato, o filme correspondeu a todas minhas expectativas, principalmente no que diz respeito ao fato de ele parecer uma colcha de retalhos muito bem costurada, unindo vários gêneros.

A atuação de Ryan Gosling me fez lembrar dos personagens interpretados por Clint Eastwood: poucas palavras, expressão inabalável e um jeito calmo que se transforma repentinamente em uma explosão violenta incitada por vingança. Quando perguntado sobre sua profissão, a resposta é simples: "I drive". Mais precisamente, comparei o motorista da Los Angeles ao matador William Munny, protagonista do grande faroeste Os Imperdoáveis, que só mostra sua face obscura ao final da trama, quando vê o cadáver de seu melhor amigo brutalizado.

A cena de perseguição de carros me fez sentir saudades de um filme que já é uma homenagem aos longas de perseguição automotiva e dublês: À prova de morte é, em minha opinião, um dos melhores filmes de Quentin Tarantino - que já é meu cineasta favorito. Assim como o lunático Stuntman Mike, interpretado por Kurt Russel, o protagonista de Drive também exerce a função de dublê.

E, por haver uma mala com milhares de dólares em seu poder, ele é vítima de uma alucinante caçada. Foi impossível não lembrar da trama envolvendo os personagens de Onde os fracos não têm vez, dos irmãos Cohen, em que a brutalidade de um psicopata persegue todo aquele que detém uma certa bolsa igualmente recheada de "verdinhas".

Não obstante, além de todos os atrativos já mencionados, a história se passa nas ruas de Los Angeles, a cidade das melhores narrativas policiais americanas, escritas magistralmente por escritores - os quais possuo alguns volumes literários - como Raymond Chandler, James Ellroy e Thomas Pynchon. Será qualquer semelhança mera coincidência?

Quando gosto muito de um filme, costumo comprá-lo logo que é lançado em DVD para compor minha pequena, porém divertida estante. Drive já está incluso em minha lista de compras a serem realizadas.

Recomendo fortemente, aliás.

3 comentários:

  1. Não conhecia o filme e apesar de não conhecer todas as referências utilizadas nesse texto, gostei bastante das ligações com os quais conhecia.
    Li a resenha (muito bem escrita por sinal) e achei a história muito interessante. Pretendo assistir o filme. Se for tão bom quanto parece, também estará em minha lista de compras.

    Beijo.

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  2. Vi comentarem bem desse filme na rádio CBN, e Raymond Chandler é imbatível. Abraços. Carlos Medeiros...http://grandeonda.blogspot.com

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  3. Mu,

    Faz um tempinho que não assisto filmes, mas depois dessa mega recomendação, quero imensamente assistir.

    Após o leitura deste, comento sobre as minhas ideias por aqui.

    Beijos!

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