Semana passada, no caderno dedicado às letras, denominado Sabático, do jornal O Estado de S. Paulo, saiu uma matéria que tratava dos bloqueios de inspiração que acometem muitos escritores. Foram expostos depoimentos de velhos de guerra como Lygia Fagundes Telles, Paulo Lins e Lourenço Mutarelli, que falavam do desespero que sentiam ao se depararem com a famosa "doença da meia-noite", assim denominada tal falência criativa por Edgar Allan Poe.
Depois que resolvi me meter a blogueiro/escritor (vejam bem, não estou me comparando em talento e muito menos no que diz respeito à importância dos autores acima citados), essas tais "síndromes do papel em branco" vivem por me assaltar. Lógico que não sou o único a sofrer disso. Algumas pessoas possuidoras de blog com as quais mantenho contato também compartilham de tal problema. É complicado. A cada texto que sai há um alívio interno, aquela sensação de dever cumprido, ufa, consegui, não sei se com qualidade, mas está lá.
Porém, para um espaço como esse manter-se vivo, é necessária a regularidade de postagens dignas de leitura e assuntos que sejam interessantes. Minha intenção era sentir-me como um jornalista, que escreve em sua coluna semanal sobre temas atuais ou pertinentes à sua área de atuação, cujas opiniões e pensamentos formassem outros, inspirassem conversas de bar, criação de novos textos, debates, enfim, um sonho.
Imagino esse problema para quem deve satisfações a alguma editora, que cobra por prazos. Romancistas que empacam em certo momento de sua trama, quando não conseguem mais imaginar algum tipo de destino para suas personagens. Admiro aqueles que possuem uma inesgotável fonte criadora em suas mentes, que jorram ideias, não importando dia ou hora, assim como o falecido e imortalizado Moacyr Scliar, que sacava seu notebook, acomodava-o em seu colo e disparava sua metralhadora de criações literárias com munição infinita até mesmo em movimentados saguões de aeroportos, à espera do seu voo atrasado.
De fato, para mim, mero mortal, é um momento de suprema alegria quando algum assunto liga minha lâmpada mental que me põe a escrever aqui sobre tal tema. Hoje, a falta de criatividade ironicamente fez com que eu me inspirasse a escrever sobre ela. Feitiço contra feiticeiro. Mas e amanhã? Estarei eu apto a cumprir com essa tarefa imposta por mim mesmo? Que o espírito de algum mito da inspiração possa acometer o meu ser e transformar meus pensamentos em palavras, que aqui, com certeza, serão prazerosamente expostas.
Até.
Já perdi a conta de quantas vezes esse branco apareceu na minha vida de blogueira. Exatamente por ele se tão real para todos que escrevem, tanto profissionalmente, ou de forma amadora, é que não gostaria de ser escritora. Acho que ficaria desesperada se me desse um branco num trabalho que eu vou ganhar dinheiro, ou para cumprir um contrato, um dever qualquer. Por isso é bom ser blogueira só, quando a inspiração vem eu escrevo, se não vier eu deixo o blog paradinho até que surja um assunto.
ResponderExcluirQuanto ao seu comentário no meu blog, fico feliz de saber que você faz parte do seleto grupo de homens que valoriza a mulher pelo que ela pensa. Tenho mesmo essa impressão sobre você. No tocante a seu blog está incluído naquele tipo de blog masculino que citei no meu post. Creio que você não deva se preocupar com isso, já que nada pode fazer a respeito, ele sendo ou não. Na verdade a culpa é das mulheres que fazem da seção de comentários dos blogs escritos por homens, um lugar para bajular, meio que se oferecer, umas sutilmente, outras até de forma escancarada. A culpa não é do blogueiro, mas de suas visitantes. Siga com seu blog que ele é bom!
Beijocas
Também já vivi inúmeras vezes essa doença, aliás, raro é quando ela não aparece no escrever de um texto. O lado positivo é não termos um compromisso profissional com a escrita, assim podemos tomar mais cuidado com o que colocar no ar. Porém, resta sempre o compromisso com nós mesmos, sendo esse, pelo menos para mim, ainda mais importante.
ResponderExcluirContinue fazendo seus textos, que são muito bem apreciados.
Abraço!
Bom saber, que até esses fodões, com perdão da palavra, também sofrem de “falta de criatividade”, né ?
ResponderExcluirRevelações como essa fazem com que esses deuses desçam do Olimpo e deixem menos angustiados os 'meros' escritores mortais.
Que alívio hein ? Ufa !
Mas eu como estudante da psique humana e preocupada com a angústia alheia não nego a minha vontade de dizer “Não se preocupe. Escreva quando puder. Escreva com liberdade. Não se prenda a prazos”. Mas não posso deixar de concordar com o Pedro, quando ele fala da importância do compromisso que assumimos com nós mesmos. Imagino que seja o seu caso.
Então moço, só posso desejar que nesses momentos de ‘tela em branco’ você seja iluminado por algum espírito inspirador.
E a angústia, ela move ! Essa é a sua tarefa.
putz, é muito ruim quando some tudo e a falta de inspiração é maior do q a vontade de escrever... por vezes abro a tela de edição de textos e me permito ficar alguns minutos esperando, mas não sai nada, nem batucada durante a espera.
ResponderExcluirQue poxa! Blimunda é uma das minhas personagens favoritas ... Memorial foi meu objeto de estudos na Universidade e o primeiro que me abriu as portas para Saramago, que tanto amo. Parece que você me adivinha sempre!
ResponderExcluirum beijo!
Boa noite!
ResponderExcluirFeliz por conhecer seu blog.Bom compartilhar o que escrevemos.
Grande abraço
se cuida
Mesmo os grandes colunistas de jornais e revistas, dentre os grandes textos, sempre há aqueles textos mais fracos, com certeza, em consequência de brancos. Abraços. Carlos Medeiros...http://grandeonda.blogspot.com
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ResponderExcluirÉ o que sinto atualmente: um vazio para escrever!
ResponderExcluirNão sei dizer realmente o que se passa, mas confesso que até fico indignada com a minha falta de vontade.
Sabe quando você quer falar sobre algum assunto e não consegue? Me sinto inútil....
Palmas para os escritores que sofrem pressão das editoras!!!! Merecidas palmas.
Beijos