segunda-feira, 31 de março de 2014

Ave, palavra!

Por esses dias, estudando inglês, deparei-me com um desses textos aos quais normalmente não damos muito valor ao seu significado, já que o maior interesse ali é decifrar as palavras de um idioma que não nos é materno.

Suponho que eu tenha me atentado ao que aquela pequena crônica queria dizer por se tratar de um tema que me é caro. Se olharmos para a frase abaixo do título deste blog, veremos o breve período "anacronismos modernos escritos manualmente". Sim, prezo muito pelo ato de escrever, principalmente se ele for executado com caneta em punho e não com as modernas e suaves teclas de um computador. E era justamente sobre isso que aquele pequeno texto em língua inglesa falava.

Em tempos de redes sociais que exigem uma comunicação cada vez mais rápida e abreviada, as palavras têm perdido o seu valor. Elas, justo elas, que já foram tão valorizadas nas mãos de gente como Guimarães Rosa, agora são maltratadas por pessoas que não querem entender seu mecanismo correto, a chave correta para apertar o parafuso e montar uma estrutura de maneira firme e convincente.

Voltando ao texto. Seu autor unknown salientava que, em testes para se conseguir emprego, as pessoas viam-se num mato sem cachorro ao se depararem com uma caneta e uma folha em branco, já que há muito não exerciam aquela atividade que lhes parecia tão primária, função que foi deteriorada por um mundo veloz e exigente. Escrever é primário, mas, dentre os exercícios mais simples, mostra-se um dos mais complexos.

Em meu trabalho, vejo engenheiros que entendem muito do produto fabricado, mas pouco sabem sobre escrever um texto simples. Os e-mails são vergonhosos, com erros que passam despercebidos por esses profissionais que deveriam dar exemplo de bom domínio de seu idioma. Pergunto-me a todo o momento como essas pessoas chegaram aos cargos que ocupam se não conseguem nem elaborar um relatório de maneira clara. É absurdamente triste.

Em uma empresa com fins quase que totalmente capitalistas, fica claro que a ciência da escrita, a principal ferramenta comunicacional da humanidade, está em último plano. Os lucros continuam altos. O dinheiro em caixa é abundante. Mas de que adiantam tantas cifras se aqueles que dão lucro não conseguem traduzir seu dividendos em palavras?

Em um mundo de tantos lucros, esse texto desprovido de imagem que escrevo, agora percebo, soa, no mínimo, idiota.

Ave, palavra!

2 comentários:

  1. Bem sei como é complicado traduzir (já que é praticamente isto) a escrita de quem não sabe se comunicar com clareza.
    Eu só não sinto falta da caneta. Sou grata ao teclado, aos "ctrl+algumacoisa" e ao abençoado corretor ortográfico (mesmo que tenha que discordar dele de vez em quando).

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