Durante boa parte de minha não tão longa vida, considerei o cinema pura e simplesmente como forma de diversão. Após meu ingresso na universidade, descobri uma outra faceta no ato de assistir a filmes, que remete à reflexão crítica e analítica dos longa-metragens. Cheguei a diretores que utilizaram e utilizam suas câmeras para literária ou explicitamente dizerem algo que faça o telespectador pensar. A maioria deles pertence ao velho continente, destoando da popular produção hollywoodiana. Nomes como Frederico Fellini, Werner Herzog, Ingmar Bergman, Wim Wenders, Fritz Lang, François Truffault e Jean-Luc Godard passaram a fazer parte da minha lista de filmes planejados.
Tudo bem, por mais que essa coisa meio "cult" pareça maçante, creio que tais produções sejam necessárias à nossa formação humana, para que possamos, através da ficção, compreender melhor o mundo em que vivemos. Mas a formação cinéfila de boa parte das pessoas (a maioria delas pertencentes ao sexo masculino) de minha geração possui bases nos bons e velhos filmes de ação, que nos faziam ficar acordados até tarde da noite (muitas vezes contra a vontade de nossos queridos pais) para chegar na manhã seguinte à escola, com olheiras enormes na cara, e comentar com os amigos sobre o filme que passara na Tela Quente (na época, muito mais criteriosa nas escolhas). Ficar de fora dos comentários era deveras frustrante e deprimente.
Atores como Arnold Schwarzenegger, Mel Gibson, Chuck Norris, Jean-Claude Van Damme, Bruce Willis e Sylvester Stallone eram considerados heróis por boa parte da molecada. Além de serem protagonistas de cenas de ação memoráveis, eram (e são) possuidores de um carisma inigualável. Franquias como Rambo, Braddock, O Exterminador do Futuro, O Grande Dragão Branco, Máquina Mortífera e Duro de Matar marcaram época e fazem os agora marmanjos ainda pararem em frente à TV para ver pela décima vez o Exterminador de Schwarzenegger dizer "Hasta la vista, baby"; ou o detetive Martin Riggs (Gibson) deslocar e colocar seu ombro de volta no lugar; ou Frank Dux (Van Damme) vencer Chong Li, mesmo estando temporariamente desprovido de visão; ou quem sabe, ainda, conferir John McClane (Willis) correr sobre uma infinidade de cacos de vidro enquanto é vítima de uma chuva de balas.
Sem querer parecer tendencioso, mas já sendo, talvez um diretor que tenha conseguido misturar essa coisa mais pensada do cinema com a adrenalina dos filmes de ação seja Quentin Tarantino. Antes ou depois de qualquer "pega para capar", há diálogos muito "viajados", que enriquecem suas personagens e aumentam a expectativa sobre o que acontecerá na cena seguinte. E, assumidamente, Tarantino utiliza como referência esses filmes mais antigos, muitas vezes considerados trash, costurando colchas de retalhos como Kill Bill, Pulp Fiction ou Cães de Aluguel, que viraram verdadeiras obras de arte.
E, como homenagem a todos esses heróis que entreteram a minha e muitas outras infâncias, será lançada, no próximo dia 31, a continuação da franquia dirigida por Sylvester Stallone, intitulada Os Mercenários. Boa parte dos agora senhores acima citados está presente no elenco desse filme que promete muito barulho, explosões à vontade, pouca conversa e pancadarias épicas.
Vai encarar?
preciso imitar o frank dux cego um dia pra vc ver, sempre que passava na tela quente eu fazia na escola!
ResponderExcluirHAHAHAHA
Stallone, Arnold, Van-Damme, tudo junto num filme só, era o sonho de uma geração 10 anos atrás. Mas acredito que agora, esse apelo diminuiu bem. http://grandeonda.blogspot.com
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